Em 2007, 69,4% das mulheres com mais de 15 anos, residentes no Estado de São Paulo, declararam ser mães (PNAD 2007). Entre elas, a maioria (77%) tinha, no máximo, três filhos. A redução no número de filhos resulta da diminuição da fecundidade observada em todo o país, principalmente após os anos 1980. Na capital paulista, segundo as estatísticas do registro civil processadas pela Fundação Seade, calcula-se em 1,9 o número médio de filhos por mulher, valor que vem decrescendo ao longo dos anos: em 1997, correspondia a 2,2 filhos por mulher.
O Mapa 1 mostra que, assim como no conjunto do Município de São Paulo, tal diminuição também se observa nas suas 31 subprefeituras.
O mesmo mapa também revela que, a despeito da tendência à homogeneização desse indicador, a fecundidade das mulheres residentes em áreas mais periféricas ainda se mantém em patamares pouco mais elevados que a das residentes em regiões centrais.
Em 1997, o número médio de filhos das mulheres residentes nas subprefeituras situadas no sul, no extremo leste, em Perus, Freguesia e Brasilândia superava 2,5 filhos por mulher. Nas áreas intermediárias, a fecundidade variava entre 1,8 e 2,5 filhos por mulher e apenas em quatro subprefeituras registravam-se valores inferiores a 1,8 filho por mulher: Santo Amaro, Vila Mariana, Lapa e Pinheiros. Nesta última, cuja taxa era de 1,3 filho por mulher, já se atingira valor muito semelhante ao de diversos países europeus.
Após dez anos, a fecundidade diminuiu em praticamente toda a capital, principalmente, nas áreas onde era mais elevada, reforçando a tendência à homogeneização desse indicador. Nelas, as variações foram de quase um filho, de forma que, em 2007, a fecundidade não superou 2,5 filhos em nenhuma subprefeitura paulistana e em apenas três ela foi maior que 2,1 filhos por mulher (Mooca, Butantã e Perus).
Taxa de Fecundidade Total
Subprefeituras do MSP, 1997 – 2007
Fonte: Fundação Seade.
Apesar da tendência à homogeneização no interior do Município de São Paulo do número médio de filhos por mulher, o comportamento reprodutivo segundo idade da mãe ainda é bastante diferenciado conforme seu local de residência ou grupo socioeconômico. Assim, as mulheres de grupos menos favorecidos, residentes em áreas mais periféricas da capital, tornam-se mães precocemente. Ali, a taxa de fecundidade das jovens de 15 a 19 anos – cerca de 80 nascimentos por mil mulheres – é das mais elevadas entre todas as subprefeituras paulistanas e o pico da fecundidade se dá na faixa etária de 20 a 29 anos. No Gráfico 1, esse caso é ilustrado pelas subprefeituras de Perus e Parelheiros, onde as residentes apresentam comportamento característico de fecundidade jovem ou rejuvenescida.
Gráfico 1
Taxas de Fecundidade, por Faixas Etárias
Subprefeituras Selecionadas do Município de São Paulo
2007
Fonte: Fundação Seade.
Em Itaquera, exemplo de área intermediária, a evolução da fecundidade por idade das mulheres assemelha-se à do grupo anteriormente mencionado, porém se move em patamares mais baixos, como resultado da redução ocorrida em todas as idades. Essa subprefeitura exibe tendência semelhante ao conjunto do Município de São Paulo.
Em regiões socioeconomicamente mais favorecidas, como a compreendida pela subprefeitura de Santana e Tucuruvi, a fecundidade adolescente é reduzida diante das já mencionadas e o pico se desloca para os grupos etários seguintes, de 25 a 29 anos e de 30 a 34 anos. Tais resultados ilustram a situação de mulheres que postergam a maternidade, priorizando sua formação escolar e sua profissão.
A curva de fecundidade das mães residentes na subprefeitura de Pinheiros exemplifica a forma final dessa transição: fecundidade bastante baixa até os 24 anos, crescente nas idades seguintes, alcançando o valor máximo entre 30 e 35 anos e se reduzindo novamente nas demais idades. Esse tipo de comportamento denomina-se fecundidade tardia. É assim que várias mulheres paulistanas realizam o projeto de maternidade, gerando apenas um filho, enquanto outras optam por não ter filhos.
Os resultados do censo de 2010 indicarão qual a extensão desse novo padrão reprodutivo, uma vez que a baixa taxa de fecundidade já se generalizou entre as mulheres residentes em São Paulo.